Levantar, tomar um
banho, sair para trabalhar, encontrar com amigos e colegas. Situações básicas
do dia-a-dia que todos realizam com facilidade, menos as pessoas vítimas da
depressão. Quem já teve algum sintoma da doença sabe o que é ter que carregar
todas as culpas do mundo. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
depressão afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por
ano em todo o mundo. No Brasil, estimativas apontam que já são cerca de 13
milhões de depressivos.
O deprimido sente
uma apatia generalizada, perde o interesse por quase tudo o que costumava lhe
dar prazer, comenta a psiquiatra Giuliana Cividanes. Assim, sair com os amigos
ou conhecer novas pessoas, por exemplo, pode se tornar extremamente
angustiante, reconhece. Essa apatia pode levar o paciente a ter uma impressão
cada vez mais negativa de sua vida e de sua realidade. A chamada anedonia
(perda de prazer em geral) e a perda de energia levam o indivíduo a crer que
não irá se libertar desse mal-estar e, em última instância, só lhe restará o
completo isolamento. A fadiga crônica e a falta de energia para realizar das
tarefas mais simples às mais complexas afetam diretamente o convívio social. Se
uma pessoa com depressão sente-se cansada até mesmo para tomar um banho, como
irá pensar em sair para uma happy hour ou se reunir com os amigos?, questiona
a médica, salientando que essas atividades sociais demandam esforço e energia
para esse tipo de paciente.
Depressão crônicahttp://www.parana-online.com.br/canal/vida-e-saude/news/269503/?noticia=DEPRESSAO+CRONICA+E+SEUS+SINTOMAS
O mais comum é o
paciente perder o prazer de realizar atividades cotidianas e se sentir
angustiado, melancólico e sem energia para nada, observa a especialista. Eles
se sentem apáticos, sem motivação, e os pensamentos quase sempre são
negativistas. Muitas vezes chegam a pensar em suicídio, embora, na maioria das
vezes, não de forma concreta. Vera Lúcia Nunes, analista de crédito, diz que
começou a se sentir deprimida quando perdeu o irmão, com quem morava em
Curitiba, num acidente de carro. Não saia mais de casa e ficava envolvida com
sentimentos de culpa, conta. Os médicos explicam que esses sentimentos
costumam variar de pessoa para pessoa e podem sofrer variações ao longo do
tempo. Não se deve confundir depressão com tristeza ou baixo-astral,
situações que vêm e vão no cotidiano de qualquer indivíduo, comenta a
psiquiatra Maria Amélia Tavares.
O transtorno
depressivo pode acontecer uma única vez ou pode se repetir várias vezes,
alternando diversos graus de intensidade. Conforme a especialista, quando leve
ou moderado, a pessoa ainda consegue realizar suas atividades com esforço, algo
impossível quando o distúrbio se torna mais grave. Quando esses episódios
persistem por muito tempo, a depressão é identificada como crônica, define
Maria Amélia. A gravidade é mais acentuada quando a pessoa que sofre de
depressão acha que não está doente, se recusando a colaborar nos tratamentos,
para os quais são indicados medicamentos antidepressivos para equilibrar os
neurotransmissores.
Dose certa
O paciente com
depressão, freqüentemente, se queixa da tríade passado-presente-futuro: o
passado foi um desastre, o presente é sem sentido e o futuro, sem perspectivas.
Com esses sentimentos, morrem as esperanças, e não há futuro sem esperança. Com
efeito, a idéia de suicídio está sempre instigando o doente. Segundo o
psiquiatra Marcus Weber, por esse motivo, são fundamentais o diagnóstico
precoce e um tratamento multidisciplinar, com a associação de diversas
condutas, fazendo com que o paciente resgate um mínimo de convívio social, um
dos alicerces para a manutenção do equilíbrio mental. O médico recomenda, entre
outras atitudes, que o paciente faça caminhadas diárias. Caminhar libera
substâncias que estimulam as funções do cérebro e, por conseqüência, ajudam no
tratamento, frisa.
Para o médico, o
primeiro passo em direção à cura é admitir a doença e, a partir daí, buscar um
tratamento adequado. Segundo Weber, ainda existe muito preconceito e
desconhecimento em relação aos diversos tipos de depressão. Por isso, o
diagnóstico correto pode demorar certo tempo, atesta. Conforme o psiquiatra,
isso se deve à dificuldade de isolar o tipo específico do distúrbio para depois
indicar o tratamento adequado. O psiquiatra adianta que nem sempre os médicos
estão preparados para reconhecer e tratar a depressão; por isso, muitos
pacientes são tratados sub clinicamente. Além disso, algumas vezes são
receitados os remédios certos, mas em doses erradas, fato que, segundo Weber,
compromete sobremaneira sua recuperação.
Sintomas que, associados, identificam a depressão
* Irritabilidade,
ansiedade, angústia, esquecimento;
* Desânimo, cansaço
mental, dificuldade de concentração;
* Diminuição ou
incapacidade de sentir alegria e prazer;
* Desinteresse e
falta de motivação, baixa auto-estima, apatia, indecisão;
* Sentimentos de
medo, insegurança, vazio, desesperança e desespero;
* Pessimismo,
idéias freqüentes e desproporcionais de culpa;
* Interpretação
distorcida e negativa da realidade;
* Dores e outros
sintomas físicos freqüentes e não justificados.
Texto extraido do Paraná Online.
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